
Já era tarde da noite quando Jonas decidiu que iria sair de casa. Após diversas tentativas frustradas de dormir, pegou sua jaqueta e se dirigiu ao Boca Torta, um pub que ficava não muito distante do pequeno apartamento onde morava e, provavelmente, o único lugar que estaria aberto as três da manhã daquela terça.
- Bom dia. - Lhe diz uma mulher por de trás da bancada que ficava próxima à porta. - O senhor já sabe o que vai querer?
- Um café e um pão na chapa, por favor.
A mulher o encara por alguns poucos segundo e se vira, indo em direção à cozinha, enquanto Jonas escolhe uma das mesas para se sentar. Além dele, o Boca Torta acomodava mais duas pessoas, sendo uma delas um senhor, que cochilava enquanto seu café em cima da mesa esfriava cada vez mais, e um jovem com corte de cabelo da moda escrevendo alguma coisa em seu notebook. "Nada de novo por aqui", pensa Jonas. Não demora muito e seu café chega, meio morno, em um copo daqueles típicos de bar. Quando o pão chega Jonas já havia bebido quase todo o café do copo, mas não se irritou, já conhecia bem como aquele lugar funcionava, pois parava ali praticamente uma vez por semana.
Mas a frequência de suas idas tem aumentando nos últimos dias, quando a dificuldade de dormir começou a aumentar. Jonas estava preocupado. A desmotivação aumentava a cada dia e ele não sabia o que fazer, tão pouco como dormir. Enquanto estava perdido nos próprios pensamentos a mulher do balcão encosta ao seu lado, lhe entregando a conta e, junto, um outro papel. Antes que desse tempo de perguntar a mesma já havia ido.
- Ué, a conta já está paga... Será cortesia? - Questiona olhando para a conta que tinha nas mãos. Mas sabia que aquilo não era típico de um lugar como o Boca Torta.
Jonas então se levanta, vai até a bancada e questiona a mulher.
- Oi, err... Não que eu esteja reclamando, mas porque minha conta está como paga?
- Não deve ser porque alguém pagou?
- Bem, então quem pagou?
- Olha, uma garota estranha passou aqui, pagou a conta da sua mesa e foi embora. Se quiser pagar de novo é com você mesmo.
A rua estava gelada quando Jonas pôs os pés do lado de fora. A rua estava deserta, tendo apenas alguns táxis passando hora ou outra. De repente vem a lembrança do bilhete que havia chego junto com a conta. Jonas o abre e lê:
Que tal uma experiência nova?
Me encontre aqui amanhã, neste mesmo horário.
- Deve ser propaganda de alguma prostituta. - Sussurrou Jonas, enquanto dava mais uma olhada para o bilhete, pensando se o jogava fora. Não o fez, colocando-o no bolso e atravessando a rua em direção ao seu pequeno apartamento.